o eixo existe porque eu não o desejo
desejo insistentemente a falta de chão
aquele cuidado com o pensamento voar pra longe demais
porque ele voa, o pensamento delira
desejo um fulgor de um encontro
encontro que se sabe estar amando
saber que olhar não é só o ato
é entrever, é ler
ler aqueles pormenores do encontro
palavras pedem o desejo,
as palavras do desejo não cabem no eixo
mesmo as certas, precisam de fogo
precisam arder para que se ame
por isso eu desejo que as palavras entrem em combustão
eu desejo entrever o toque e ter certeza que se está em chamas
que se é fulgor no instante que se diz
o meu desejo é necessidade.
(Manuel Álvarez Bravo, *Os agachados*, 1934)
"Perceber que não nos esgotamos nas posições que ocupamos é perceber que
existem coisas mais importantes do ...