acorda-te


debater-se neste
dúbio estranho
anseio de ser
estrangeiro
nada tem de absurdo,
todos querem-se estrangeiros.

perdão, senhores, mas
seu sentido reside
na insólita presença.
mesmo que todos vocês
cultuem a ausência.
seu ritmo não forja indiferença.

apressem-se! só
confirmem o que
sussurrou o poeta
(poetas então falam por entre
fragmentos e frágeis
notícias infundadas,
olhares turvos e
incompreensão)
- a velocidade acelera
o esquecimento de si
(avulta a indiferença)

o que (em si) não tem
nada de absurdo.
o estrangeiro só é
culpado, não pecador.

todos os versos traçados
nas noites e céus de verão
não podem conduzir a prisões,
somente a sonos inocentes.