(*Manuelzão, Personagem de Guimarães Rosa, *1995*, *Márcio Scavone)
“Por si, ele nunca dera uma festa. Talvez mesmo nunca tivesse apreciado uma
festa ...
acorda-te
debater-se neste
dúbio estranho
anseio de ser
estrangeiro
nada tem de absurdo,
todos querem-se estrangeiros.
perdão, senhores, mas
seu sentido reside
na insólita presença.
mesmo que todos vocês
cultuem a ausência.
seu ritmo não forja indiferença.
apressem-se! só
confirmem o que
sussurrou o poeta
(poetas então falam por entre
fragmentos e frágeis
notícias infundadas,
olhares turvos e
incompreensão)
- a velocidade acelera
o esquecimento de si
(avulta a indiferença)
o que (em si) não tem
nada de absurdo.
o estrangeiro só é
culpado, não pecador.
todos os versos traçados
nas noites e céus de verão
não podem conduzir a prisões,
somente a sonos inocentes.
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