Agora

O desfecho é assim: uma composição musical, valsa de Amelie. 
Corre como quem quer que o corpo seja exposto a todos os lados, é arrastado em todas as direções simultaneamente. Depois para, dedilha o que seria o ritmo em que o ápice se faz palpável.
É tarde, a espera é presença concreta. O silêncio é só seu.
Porque as palavras insistem a preencher-te? Dizem que  são organização de idéias... aquele emaranhado disforme.

Lembra: bateram a porta.
A valsa acabada, as preocupações imediatas voltam. Corre abre.
Olham-te de fora, fazem-te pergunta.
Sabe a resposta. Sabe dizer. Mas não diz.
Som nenhum sai de teu corpo.
A trama acaba por tua culpa: és personagem efêmero. Mudo.

Não passa, não arranha palavras, ou preenche o que seria o fim e início de diálogo. Acontece que na valsa se esgotou em movimentos, se curou das necessidades utilitárias. Só pensa no vazio de nada importar. A esperança é o motivo da resposta a quem bate a porta. Se fecha em si, como quem faz e grita versos no interior, sem transpô-los em som. Batem à porta. Não abrirás.