em tantos dos meus atos cotidianos
na peça, no concerto, no sorvete na praça,
na gritaria, na festa de agosto,
não sabe a diferença entre conhecer
e experienciar
a moça não é figura completa
vive num texto quase
num texto que titubeia entre conceitos que talvez lhe caiam bem
é feito roupa,
roupa que cobre a pele para que os olhos não a vejam
os olhos buscam pele porque a pele é um tecido que é
que não representa
a pele é,
a pele experiencia
a pele não precisa de roupa (representação precisa de roupa)
mas a roupa sai, a roupa sempre sai
a moça grita uns clamores de liberdade
mas se prende
a moça não conhece o fulgor de ser por completo
se a moça pudesse me explicar, diria então:
- não há tempo.