Tereza,
No meu espaço eu tracei linhas, pontos de informação dispersos nos cantos. Ainda assim, eles tem a missão de contar, me representar. A verdade é que não sei me conceituar, deixo que eles aguentem o peso de me dizer. É nessa falta de fronteiras que resido, que me faço. Os espaços vão se ampliando, vou preenchendo ---- a existência, me faltando contornos -----
Sinto que te passa a mesma coisa, mas sua matéria é mais impetuosa, não digo que és mais forte; não é força, é voz. é talvez aquele sopro, aquele alento que te faz tão -------
Caminhamos até este ponto, estranho. Sinto que não há como voltar, mas que não estou pronta para o adiante. Sentes o mesmo? Sentes que nossos estranhos contornos serão passos em falso, depois? Sentes, Tereza, todo o peso de dar a significação de ti (de mim) aos externos? De não saber seus conceitos? E os que sabes, serão eles mesmo a definir-te?
Estranho, Tereza. As minhas certezas parecem não mais pulsar dentro de mim. Não vibram por novidade que às complete. Passaram a acoplar-se em meus tecidos, e neles ser subentendido, inconsciente, parte que se faz invisível ----- Sempre tive a impressão de que na introspecção encontramos os melhores sopros. Agora assisto ao fato de que a introspecção é ainda mais individual: não acontece a todos. Acontece a ti, a mim, a Ana - nos constrói, refaz, por vezes. Mas não vem a todos. O que tem em nós, Tereza? Porque definhamos assim, para que depois voltemos a preencher os contornos pouco definidos?
Serão os reais-não-existentes de escritas que nos desalinham? As palavras trazem peso.
Traga seu peso pra perto.
Não fique distante, há espaço, há espaço para ti, Tereza.